Em dezembro de 2013, Thamsanqa Jantjie ganhou as manchetes de jornais de
 todo o mundo. Na cerimônia fúnebre do ex-presidente sul-africano Nelson
 Mandela, Jantjie traduziu para (uma suposta) língua de sinais os 
pronunciamentos de autoridades políticas, como Barack Obama, sendo 
assistido por milhões de pessoas em dezenas de países. Porém, para o 
espanto de muitos surdos, o intérprete – contratado para realizar a 
tradução na língua de sinais sul-africana (ASLS) – usava gestos sem 
sentido, em uma profusão de sinais inventados por ele. A fraude foi logo
 desmascarada e, diante de acusações vindas de comunidades surdas de 
todo o mundo, o falso-intérprete declarou sofrer de esquizofrenia, 
alegando que no momento da tradução teria visto anjos vindos do céu: 
“(…)
 não tinha nada que eu podia fazer. Eu estava sozinho numa 
situação muito perigosa. Eu tentei me controlar e não mostrar ao mundo o
 que estava acontecendo“, defendeu-se. O caso foi noticiado por 
centenas de programas televisivos, revistas, jornais e sites de notícias
 – até Slavoj Žižek (filósofo esloveno) pôs-se a falar sobre o assunto. 
Apesar da gravidade, a farsa trouxe à tona, com uma publicidade inédita,
 o descaso com os direitos do povo surdo, reacendendo discussões e 
mobilizando diferentes setores da sociedade. (o falso intérprete Thamsanqa Jantjie gerou enorme 
polêmica com sua tradução fraudulenta na cerimônia fúnebre do 
ex-presidente sul-africano Nelson Mandela) (saiba mais 
aqui).
 

Agora, quase três anos depois, a cena se repete em território 
brasileiro. Dessa vez, o alvoroço surgiu de uma propaganda eleitoral 
exibida nas redes sociais pelo candidato à prefeitura de Itabuna (BA), 
Geraldo Simões. No vídeo, uma mulher aparece em uma janela de “Libras” 
fazendo uma tradução que para muitos conhecedores das línguas de sinais 
soa falsa – com gestos inventados, nonsenses e aleatórios, muito 
distantes da Língua Brasileira de Sinais. Além dos milhares de protestos
 e críticas pela internet, que apontam a farsa na tradução, foram 
lançados manifestos e moções de repúdio, como a do líder surdo baiano 
Magno Prates (
clique aqui para ver o vídeo).
O vídeo original da campanha de Geraldo Simões, compartilhado no Facebook, pode ser visto 
aqui.
  
 Fonte: 
Cultura Surda Net